Protagonista na reforma sanitária, no processo de redemocratização e na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) reúne um acervo valioso para a análise de questões históricas caras ao país, construído ao longo de quase 50 anos de vida. Acondicionado em 70 caixas box, esse material agora está sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Constituído por documentos textuais, audiovisuais e iconográficos, que datam da década de 1970 até os dias atuais, o acervo do Cebes, instituição criada em 1976, alcança 9,10 metros de comprimento e reúne artigos científicos, relatórios, anais de eventos e cartazes, entre outros documentos. Segundo a chefe do Departamento de Arquivo e Documentação (DAD) da Casa, Ana Roberta de Souza Tartaglia, uma equipe foi contratada especialmente para organizar, conservar, digitalizar e disponibilizar o acervo ao público.
“A cessão do acervo do Cebes para a Casa de Oswaldo Cruz é a certeza de que ele vai estar bem guardado e vai chegar a mais gente que frequenta o circuito produtivo da pesquisa”, destacou, durante o ato de formalização da doação, o historiador Carlos Fidelis Ponte, presidente do Cebes e pesquisador do Observatório História & Saúde, estrutura permanente do Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde (Depes) da Casa de Oswaldo Cruz. A assinatura do termo de cessão do acervo foi realizada durante a cerimônia de posse da nova diretoria do Cebes, em março, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Flamengo.
Diretora administrativa do Cebes, Ana Tereza da Silva Pereira Camargo frisou a importância de o material ter sido doado à Casa de Oswaldo Cruz, “um local de memória da saúde pública brasileira”. Segundo ela, o acervo, além de bem cuidado, estará “em um lugar que lhe é de direito”, uma vez que o Cebes é uma entidade importante dentro do movimento da reforma sanitária brasileira.

Os documentos do Cebes vão se juntar a outros que dialogam com o movimento da reforma sanitária brasileira, como os dos médicos David Capistrano (1948-2000) e Hésio Cordeiro (1942-2020), observou o diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Marcos José de Araújo Pinheiro.
“São acervos extremamente importantes sobre esse movimento”, disse Pinheiro, informando que, além de disponibilizar os documentos na Base Arch, a instituição realiza uma série de atividades para ampliar o acesso, atingindo, assim, não só o público especializado.